segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uma Estrella do cinema nacional

O cenário do cinema nacional surpreende cada vez mais, em mais de 10 anos é a primeira vez em que a produção nacional está deslanchando. O primeiro fenômeno veio com Dois Filhos de Francisco, que foi assistido por 5 milhões de pessoas em 2005, depois Tropa de Elite que levou mais de 2 milhões de pessoas para as salas de cinema em 2007. Sem contar com os milhares que o assistiram em versões piratas. Recentemente em 2008, no topo da lista, tivemos Meu Nome não é Johnny, de Mauro Lima, superando a marca de 2,1 milhões de espectadores. Os críticos ainda não conseguem decifrar os motivos de tamanho sucesso.
Meu nome não é Johnny foi baseado num personagem de verdade: o produtor musical carioca João Estrella que, em 95, foi preso como um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil. Até aí parecia só mais um filme sobre a questão das drogas no Rio, mas o espantoso é que a história não trata de um favelado, mas do filho de um diretor de banco. Depois de alguns meses preso, Estrella é condenado a permanecer por dois anos num manicômio judiciário. Em 98 é libertado e hoje, além de ter virado tema de filme financiado por uma multinacional, está estreando como cantor e compositor.
Numa versão oficial dos fatos, ele conseguiu convencer a justiça de que não passava de um dependente, que vendia a droga para sustentar o vício. Nunca usou armas e, por algum motivo, os tribunais não consideraram sua ligação com os fornecedores da Bolívia como uma manifestação de crime organizado. E o filme nos leva a crer nessa versão, assim como o protagonista conseguiu fazer com a juíza vivida no filme por Cássia Kiss. Com apoio de Cleo Pires, fazendo a namorada, e de Julia Lemmertz no papel da mãe, Selton Mello trabalhou com muito empenho e eficiência, caracteristicas de um grande ator.

Escrito pela produtora Marisa Leão, o roteiro de Meu nome não é Johnny, vale pela fluência e pelo encanto que envolve os personagens. A curiosidade fica por conta do fato de, antes, ela ter produzido filmes sobre grandes personalidades da história, como Antonio Conselheiro, Lamarca, Tenório Cavalcanti e Zuzu Angel. Mas em seu longa de estréia, como roteirista de ficção, preferiu um personagem digamos, mais sintonizado com o mundo de hoje.

Quanto a Mauro Lima, ele assume um papel raro no Brasil, o de diretor “contratado”. Em seu trabalho anterior, Tainá 2, ele já demonstrou habilidade ao fazer, mesmo preso nas rédeas da Globo Filmes, um dos melhores filmes infantis nacionais da década, apesar de Tainá 2 ser só razoável. Fica o interesse de ver Mauro Lima dirigindo um projeto seu, com roteiro próprio e sem estar preso a certas fórmulas. Competência ele tem.
Meu Nome Não é Johnny levou dois anos e meio para ser concluído, e teve um orçamento de R$ 5,5 milhões.

Giselle Andretta Farinhas.

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