Natural de Queens, em Nova Iorque, Martin Scorsese nasceu em 17 de novembro de 1942. É de uma família italiana (será que é por isso que ele adora a máfia?), e terminou o curso de Cinema da Universidade de Nova Iorque aos 22 anos. Desde estudantes seus curtas já começaram a fazer sucesso, e antes de se formar o diretor Roger Corman o convidou para dirigir “Sexy and Marginal”, em 1972. Grande menino prodígio, hein? A partir da década de 70 só deu Scorsese. Ele conseguiu entrar no “clube” dos grandes cineastas hollywoodianos através de seus filmes pautados em boas histórias, temas profundos – muitas vezes sobre violência urbana – e personagens marcantes (o que melhor para exemplificar isso do que De Niro em Táxi Driver). Aliás “Táxi Driver” foi responsável pelo quase assassinato do presidente Ronald Reagan. O jovem aspirante a assassino disse que fez aquilo por estar obcecado pela personagem de Jodie Foster no filme – ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz pela personagem.
E para muitos que não sabem, o cinema quase perdeu Scorsese para a batina. Isso mesmo! Scorsese antes de ser cineasta queria ser padre. Ele sempre quis influenciar as pessoas de alguma maneira. A religião sempre foi um modo de conseguir isso, mas quando descobriu o cinema, por que não? Mas ele não ignorou simplesmente o lado religioso. Essa vocação dele, as indagações e questionamentos em relação à Deus resultou num dos filmes mais polêmicos da história do cinema: “A Última Tentação de Cristo”. A história mostra como seria o mundo caso Jesus Cristo tivesse se rendido a tentação.
Martin sempre deixa seu ponto de vista pessoal, suas idéias e crenças nos seus filmes. Ele também deixa seus parentes por ali. Isso mesmo, alguns fazem pontinhas especiais em seus filmes, como a mãe Catherine que faz o papel da mãe de Joe Pesci no filme “Os Bons Companheiros”.
Scorsese é considerado por muitos um dos melhores diretores americanos, ainda vivos, que está na ativa. Seus filmes geralmente são sucessos, mas só em 2007, com o filme “Os Infiltrados” que ele conseguiu faturar o Oscar de Melhor Diretor. Também pudera, ninguém mais agüentava esse chove e não molha. Scorsese parou no “quase” várias vezes, sendo mais especifica foram 6 indicações, com apenas 1 prêmio. Em 1980 com ‘Touro Indomável”, 1988 com a “A Última Tentação de Cristo”, “Os Bons companheiros” em 1990, Gangues de Nova Iorque em 2002, “O Aviador” em 2004 e finalmente “Os Infiltrados” em 2006. Valha-me Deus. O esforço foi grande, mas finalmente vimos Scorsese receber o tão esperado prêmio e vindo da mão dos grandes Coppola, George Lucas e Steven Spielberg.
Brian De Palma foi o responsável pela grande parceria entre Scorsese e De Niro. Ele que os apresentou. Através de uma relação íntima baseada em muita amizade Robert De Niro participou de 7 grandes projetos lançados por Scorsese. 7 grandes filmes e 7 grandes sucessos. Foram eles: “Caminhos Perigosos”, “Táxi Driver”, “New York, New York”, “Touro Indomável”, “O Rei da Comédoa”, “Os Bons Companheiros” e “Cassino”. Parceira boa essa! Toda a experiência e capacidade de De Niro unidos com a genialidade e meticulosidade de Scorsese. “New York, Nem York” talvez não tenha arrebentado tanto assim, a crítica o considerou meio indigesto. Mas enfim, nem tudo sai como a gente quer!
Em “Cassino” e “Os Bons Companheiros”, filmes aos quais assisti recentemente, nota-se a importância que se dá a cada cena. Tudo é realmente pensado, nada é feito por acaso, principalmente nas cenas de violências. “Cassino”, por exemplo, teve que passar por uma leve censura. Uma das cenas em que Joe Pesci bate a cabeça de um homem num vaso até que seus olhos saltem precisou ser retirada do filme. Sem falar que a palavra “fuck” é dita 362 vezes no filme.
O importante que deve ser ressaltado em relação ao diretor Scorsese é a relevância temática na qual a maioria de seus filmes está envolvida e a naturalidade com a qual tudo deve acontecer – desde os diálogos e interpretação até a produção da cena. “Cassino” mostra a Las Vegas dos anos 70 dominada pela Máfia, e que depois que todo esse esquema acabou Las Vegas não passou de mais uma Disneylândia, como o personagem de Robert De Niro encerra o filme. “Os Bons Companheiros” conta a história verídica de Henry Hill, que também está toda num contexto mafioso da época. Filmes de máfia são os meus preferidos, e Scorsese consegue colocar para a câmera todo o contexto e atitudes dos personagens.
E o que falar da trilha sonora! Já comentei anteriormente que considero trilha sonora imprescindível para dar continuidade e movimento ao filme. Isso é o que não falta nos filmes de Scorsese. Grandes nomes são usados por ele, como Rolling Stones (não é por acaso que ele fez um filme com os caras). Vários filmes contem músicas da banda, músicas que dão ritmo e significado às cenas. Scorsese pensa em tudo, nos mínimos detalhes.
Confesso que estou um pouco preocupada com o exercício de reconstruir uma cena de seus filmes. Seus ângulos são muitas vezes complicados, ângulos diferentes, câmeras que se movimentam o tempo todo. A dinâmica é muito presente. Sem falar na contextualização de seus filmes. Outra coisa que é impossíve de não observarmos é que em muitos de seus filmes Scorsese usa a voz de seus personagem em off, narrando a história, contextualizando.
Scorsese tem muitas vezes o costume de fazer pequenas pontinhas nos seus filmes. Ele aparece em vários como, “Táxi Driver”, “A Cor do Dinheiro”, “Touro Indomável”, “Caminhos Perigosos”, “Época da Inocência”, etc, etc, etc. E quem não lembra dele na animação “O Espanta Tubarões”? As sobrancelhas o denunciam!
Mas não podemos ficar somente levantando a moral de Martin. Todo diretor tem seus dias ruins, projetos ruins e filmes ruins. Como Scorsese é um cara normal isso também aconteceu com ele. Eu ainda não assisti, mas dizem que “Kundun” apenas serviu para que Scorsese não pudesse mais pisar em solo chinês. “Vivendo no Limite” como Nicolas Cage foi também um filme que não lhe rendeu boas graças. Pode-se dizer que é um filme morno. E, na minha opinião, “O Aviador”, por mais que tenha recebido 11 indicações ao Oscar, é um filme pra lá de cansativo, monótono e chato. Mas cada um é cada um. Boatos que a produção de “Gangues de Nova Iorque” superou os gastos permitidos e que Scorsese era tão chato e perfeccionista que nem os atores estavam mais agüentando o ritmo imposto pelo diretor. Dizem que ele devolveu os 6 milhões de dólares que excedeu dos gastos permitidos.
Com erros e acertos Scorsese se fez no cenário do cinema internacional. Tem nome e a marca do seu estilo. É fã de Glauber Rocha, Rolling Stones, tem sobrancelhas marcantes, dirige filmes polêmicos, investe no psicológico de seus personagens, gosta da máfia italiana e tem uma grande parceria com Robert De Niro. Mas principalmente ele valoriza temas, contextualizações e polêmicas que venham influenciar na vida real e para todos aqueles que assistam aos seus filmes.
Durante as próximas postagens muitas serão dos filmes do Scorsese. To numa sessão de cinema só dos filmes do Scorsese! Até a próxima então, quero ver se hoje consigo ainda dar conta de dois filmes!
Eu havia esquecido da filmografia do diretor, mas agora tá ae!
2008 - The Rolling Stones - Shine a light (Shine a light)
2006 - Os infiltrados (Departed, The)
2004 - O aviador (Aviator, The)
2002 - Gangues de Nova York (Gangs of New York)
1999 - Vivendo no Limite (Bringing out the dead)
1997 - Kundun (Kundun)
1995 - Cassino (Casino)
1993 - A Época da Inocência (The age of innocence)
1991 - Cabo do medo (Cape Fear)
1990 - Os Bons Companheiros (Goodfellas)
1989 - Contos de Nova York (New York Stories)
1988 - A Última Tentação de Cristo (The last temptation of Christ)
1986 - A Cor do Dinheiro (The color of money)
1985 - Depois de Horas (After hours)
1983 - O rei da comédia (The king of comedy)
1980 - Touro Indomável (Raging Bull)
1978 - O último concerto de rock (The Last Waltz)
1977 - New York, New York (New York, New York)
1977 - American Boy
1976 - Taxi Driver - Motorista de Táxi (Taxi Driver)
1974 - Alice Não Mora Mais Aqui (Alice doesn't live here anymore)
1973 - Caminhos Perigosos (Mean Streets)
1972 - Sexy e Marginal (Boxcar Bertha)
1970 - Street Scenes (Curta-Metragem)
1968 - Who's That Knoking At My Door (Curta-Metragem)
1967 - The Big Shave (Curta-Metragem)
1964 - It's Not Just Murray (Curta-Metragem)
1963 - What's a Nice Girl Like You Doing In a Place Like This (Curta-Metragem)
Por Fernanda Giotto Serpa
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