quarta-feira, 29 de abril de 2009

Trilha sonora que dá gosto!

“Era uma vez no oeste” é o tipo de filme que super valoriza os detalhes, sons, expressões e movimentos. Ele pode se passar por um filme lento, mas prefiro dizer que ele é detalhista. O filme tem no elenco Charles Bronson, como o Gaita e Henry Fonda como Frank. Frank é um matador profissional, um pistoleiro. No início do filme ele mata uma família que tem um pedaço de terra que fica numa região importante – onde futuramente uma rota de trem importante seria construída.
Mas o que Frank não sabia é que o dono das terras que estava viúvo havia se casado com uma prostituta de New Orleans. Agora ela passa a ser o alvo de Frank. Mas novamente ele é pego de surpresa. Um homem, interpretado por Charles Bronson, aparece no pacato local e quer acertar contas com Frank. Frank não sabe quem ele é, nem o porquê desse acerto. A única coisa que ele sabe é que ele toca uma gaita como ninguém – toca na hora que precisa falar e fala na hora que precisa tocar.
O filme tem 165 minutos. É um filme que necessita da atenção total do espectador. Ele é lento porque suas cenas são bem trabalhadas na imagem e no som, deixando algumas vezes o diálogo em segundo plano. A primeira cena é o exemplo concreto disso. Ela demora em torno de 15 minutos pra passar. Não há muita ação e nem diálogo, apenas os atores. Três homens chegam numa estação de trem, você escuta nitidamente os passos na madeira, o rangido do chão, o vento lá fora, o barulho do cata-vento. Na imagem vemos bastante close. Os olhos, os pés, a mão na arma, a roupa. Tudo em detalhes. E eles ficam lá esperando o tempo passar e o trem chegar, e o espectador também fica. É como se tivéssemos a mesma passagem temporal. Quando o trem chega é a mesma coisa. Um barulho que assusta, pois estamos acostumados com apenas o barulho do vento. Você escuta os freios do trem, estridentes e várias imagens, repetidamente da sua chegada.
Outra cena notável é aquela na qual Frank mata a família. O mesmo silêncio e barulho do vento. O legal dessa cena é que ela está muito mais para um suspense. Tem um pequeno ruído que escutamos o tempo todo. Há dois momentos nos quais ele pára de repente e só aí nos damos conta de que existe esse barulho. A falta dele significa que algo ruim está para acontecer, gerando uma expectativa e curiosidade em torno da cena. Até que escutamos tiros, não nos é mostrado de onde eles vieram. Vemos os pássaros voando, nenhum cai morto no chão. Até que a câmera nos mostra que a filha do dono das terras está caída morta no chão. Essa cena é muito bem produzida.
No início a intenção do diretor Sergio Leone era chamar Clint Eastwood para fazer o papel que está com Charles Bronson. Mas ele já tinha compromissos na época que acabou não aceitando. A outra idéia de Leone era chamar os três atores principais do filme “Três Homens e Um Conflito” para abrirem o filme na cena dos três homens na estação. Mais uma vez Eastwood não pode comparecer. A idéia ficou apenas na vontade. Aliás, um dos homens que fez essa primeira cena, Al Mulock, suicidou-se em pleno set de filmagem. Trágico!
Esse é um filme que o espectador precisa dar tempo ao tempo para assistir. Apreciar cada detalhe que lhe é colocado e entender bem como são os personagens. Ele pode até ser cansativo, mas vale a pena só para você escutar o som da gaita de boca que vem do personagem de Charles Bronson. O grande forte desse filme é som, sem dúvida! Escute a trilha sonora abaixo e comprove. Carregue o vídeo e escute a terceira música - é a música que o Bronson sempre toca na gaita!




Há um erro no título do filme. O verdadeiro nome do filme deveria ser “Era uma vez O Oeste”, como uma despedida do velho oeste com a chegada dos trens, do progresso. Mas o título em inglês não dá esse mesmo sentido com o uso dos termos "in the". O filme na sua época foi um fracasso de bilheteria. Hoje ele é aclamado como um dos melhores westerns já feitos.

Por Fernanda Giotto Serpa

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