terça-feira, 28 de abril de 2009

Um Stallone difícil de imaginar

Você já imaginou assistir a um filme no qual Sylvester Stallone é o personagem principal e Robert De Niro faz um papel secundário? Sendo que Stallone faz um homem com cara de “peixe morto”, tipo tongo mesmo, e não é o pegador do filme? E só pra forçar mais um pouquinho a barra, você consegue imaginá-lo com uma leve pancinha pochete? Pois tudo isso acontece em Cop Land, a cidade dos policiais, que fica ao lado de Nova Iorque, e que é o nome do filme do qual estou escrevendo.
Stallone faz o personagem de Freddy. Um homem que não conseguiu alcançar o sonho de ser policial. Ele perdeu a audição quando tentava salvar uma mulher que morria afogada. Isso impossibilitou que ele ingressasse na profissão de tira. Para não dizer que sua tristeza foi completa ele conseguiu um cargo de Xerife numa cidade habitada na grande maioria por policiais. Mas de que adianta ser um Xerife se ele não detinha o poder. Os policiais simplesmente tomam conta do local, e pode ter certeza que há muita corrupção e crimes envolvidos na história.
Harvey Keitel é Ray Donlan que é um dos grandes responsáveis por toda essa sujeira que acontece na cidade dos tiras. A trama acontece em torno de Babitch, conhecido também como Superboy, isso porque ele salvou uma menina de maneira heróica. Babitch acaba matando dois negros que o provocaram quando ele passava durante a madrugada pela ponte George Washington. Ele os matou de maneira injusta. Ray, sem pensar duas vezes, forja o suicídio de Babitch e planta algumas provas na cena do crime.
Robert De Niro trabalha na Corregedoria e faz o papel do desconfiado tenente Moe Tilden. Ele sabe da má fama de Ray e há tempos tenta prendê-lo por outros crimes envolvendo corrupção dentro da polícia. Essa é a hora! De Niro aparece pouco no filme, e não posso deixar de comentar q seu cabelo está demais. Mas como sempre, o pouco que ele aparece já faz uma grande diferença para o filme. Afinal, De Niro é De Niro. Ray Liotta faz o papel de Figgsy, um policial que também tem o rabo preso, mas não concorda com muitas coisas que acontecem por ali.
Stallone surpreende no papel. Estamos acostumados a vê-lo no papel do marrento, sabe-tudo, fenomenal homem das armas. Aquele que bate em todo mundo e mata apenas com um olhar. Nesse filme ele faz um cara totalmente apático e coitado. Dá pena mesmo. Acredito que como ator ele tenha alcançado seu objetivo. No peso pelo menos ele alcançou, engordou 18 quilos para fazer o filme.
Interessante é notar como eles representam a surdez de Stallone ao final do filme, quando (não vou dizer como) ele fica surdo dos dois ouvidos. Há um zumbido irritante e dá pra se ouvir ao longe as pessoas falando, como se fosse um som abafado, quase imperceptível. Você apenas fica com as imagens e essa falta de som, que chega a dar uma agonia para quem assiste. É como se você estivesse no lugar dele, desesperado por não conseguir ouvir.
Eu gostei do filme. Ele não é uma ação com excesso de porrada, sangue e socos. É um filme que trata de corrupção, abuso de poder e também de comodismo. Mostra que as pessoas não precisam estar diretamente envolvidas para serem culpadas de algum crime. Basta fingir que não sabe, não viu, não ouviu – a velha mania de tapar o sol com a peneira.



Assista ao trailer:




Por Fernanda Giotto Serpa

Nenhum comentário:

Postar um comentário