sexta-feira, 10 de abril de 2009

219 minutos que valem a pena





Judah Ben-Hur. O príncipe judeu, e o protagonista que deu o nome ao filme Ben-Hur. O ano de produção foi 1959. O filme foi uma tentativa da MGM para sair do vermelho. Sorete deles que deu certo! A história passa na época de Jesus Cristo. O filme começa com o seu nascimento e passa a desenrolar toda a história de Ben-Hur. Um judeu que vive na época da ascensão do Império Romano, mas que agora vem sofrendo a ameaça de um novo tipo de idéia, aquela que Jesus quer disseminar para todo o mundo.
O melhor amigo de Ben-Hur é Messala, que agora é chefe de uma das legiões romanas. Eles possuem visões divergentes em relação a política e religião. Messala como os tradicionais romanos acredita que o único e verdadeiro Deus
é o imperador, na época do filme, o grande César. Ben-Hur acredita naquilo que Jesus Cristo fala, não concorda com a rebelião que o povo judeu fará contra Roma, mas não defende os direitos romanos. Essa divergência ideológica leva Messala a colocar Ben-Hur atrás das grades e depois mandá-lo para as chamadas galéias – onde ficavam os remadores escravos dos barcos romanos. Quatro anos se passam desde que Ben-Hur tornou-se escravo, até que seu destino muda e ele volta como nobre para ter sua vingança.
No decorrer do filme Ben-Hur encontra Jesus, e temos algumas passagens contando a trajetória do filho de Deus, como um pano de fundo para o filme. É realmente uma superprodução. Os cenários são bem feitos, e as imagens do circo romano são as que mais chamam a atenção. A perfeição com a qual foi reproduzido o local é surpreendente para a época. Gastou-se 1 milhão de dólares para construir esse cenário. Foram necessários 94 dias para a gravação da corrida de quadrigas. Foram utilizadas cinco câmeras, oito mil figurantes e 76 cavalos. Para a cena da entrada das quadrigas o diretor de fotografia Robert Surtees usou uma grua com mais de 30 metros. A cena é vista de cima para baixo, com uma visão “aérea” de todo o cenário. Isso deu a cena e ao filme uma grandiosidade, um sinal de superprodução. E sem falar que os quatro cavalos brancos usados por Ben-Hur vieram da Tchecoslováquia, dentro de um avião fretado de primeira classe, do qual foram retirados todos os acentos para a melhor acomodação dos cavalos. Que mordomia, hein?

É importante levar em consideração que todo o filme foi feito ao natural. Hoje grandes produções contam com um aparato tecnológico invejável e que muitas vezes faz milagres. Em 1959 unia-se a fome com a vontade de comer. Dava-se jeito para tudo. Pode-se dizer que o filme é quase manufaturado. Gladiador contou com os efeitos especiais nas grandes cenas do Coliseu. Ben-Hur contou com o profutor, atores, figurantes, cinco câmeras e uma grua suficientemente comprida.
O papel do protagonista ficou com Charlton Heston, mas foi recusado por famosos como Marlon Brandon e Rock Hudson. O que Heston não sabia é que no roteiro original, Ben-Hur tinha um relacionamento homossexual com Messala. O diretor Willian Wyler, sabendo que o ator se recusaria a fazer um papel assim contou apenas a Stephen Boyd, ator que interpretou Messala. Assista ao filme com atenção e você verá um interesse discreto de Messala.
O filme ganhou 11 estatuetas do Oscar, estando empatado com Titanic e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Mas nenhum dos dois últimos filmes teve um autêntico barco romano, um mar marrom que ficou azul e um figurante que caiu nesse mar, ficou azul, e foi pago pela MGM até que a cor azul de todo o seu corpo desaparecesse. Pois é, um engenheiro especializado em arquitetura romana foi contratado para construir o barco. Porém o barco era pesado demais para flutuar sobre a água. Todas as cenas foram gravadas com o barco sendo segurado por cabos de aço.
A única infeliz sobre o filme é que depois que concluíram as gravações todos os cenários foram destruídos. O produtor Sam Zimbalist temia que produções italianas menores usassem os tão preciosos cenários do filme Ben-Hur. Quanto egoísmo para um filme religioso, hein?
O filme é longo, 219 minutos. Mas não analise o tempo de duração, e sim o conteúdo. São 219 minutos que realmente valem a pena. Um filme que deixa muitos épicos atuais no chinelo!



Por Fernanda Giotto Serpa

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