segunda-feira, 27 de abril de 2009

Uma questão de cor

Um dos filmes que assisti durante o fim de semana foi “A Outra História Americana”, com Edward Norton e Edward Furlong. O filme é de 1998. A história dos dois irmãos interpretados pelos dois Edwards, respectivamente nos papéis de Derek e Danny é um meio de falar sobre o racismo. Derek faz parte da gangue dos skinheads, grupo que defende a supremacia branca. E ele deixa isso bem claro quando mostra uma cruz suástica enorme tatuada sobre o coração. Eles se apóiam nas idéias de Hitler, lêem Mein Kampf e saem pelas ruas aterrorizando qualquer pessoa que não seja branca.
Danny é apenas um adolescente na faixa dos 18 anos. Depois que o irmão é preso por matar brutalmente dois negros (e põem brutalmente nisso, é a cena mais chocante do filme) ele passa a ver no irmão um deus. Todos que fazem parte da gangue idolatram Derek pela sua atitude e esperam ansiosamente pela sua volta depois dos 3 anos de pena que deve cumprir. Danny raspa o cabelo, faz uma redação exaltando Hitler e seu livro, tatua uma cruz suástica no braço e odeio negros. Por quê? O exemplo do irmão basta para justificar todas essas atitudes.
Quando Derek sai da prisão ele vê o mundo de maneira diferente. Não acredita mais nessa bobagem de hegemonia racial e quer mostrar isso ao irmão, que está indo pelo mesmo caminho de seu passado. O filme tem um grande apelo emocional quando mostra a situação familiar. Mostra onde esse extremo de Derek levou. O quarto cheio de símbolos, fotos e frases que remetem às idéias de Hitler e as atitudes violentas e sem um motivo concreto acabam por desestabilizar a estrutura familiar.
O filme deixa claro, através do papel de Edward Norton, que essas gangues geralmente nem sabem o que realmente significa aquilo que eles dizem que acreditam. Como numa cena dentro da prisão: os skinheads, com os quais Derek se relaciona apenas se dizem skinheads, mas na verdade mantêm negócios com negros e hispânicos dentro da prisão. Isso contradiz todas as idéias de Hitler e do ideal branco. Eles seguem uma falsa ideologia. É como dizer que acredita naquilo apenas por achar bonito ou legal, mas não segue todas as regras a risca.
O filme tem um padrão na estética da imagem. Todas às vezes que as cenas mostram lembranças, histórias e acontecimentos passados as imagens estão em preto e branco. Quando assistimos ao tempo real da história temos a imagem colorida. No mais segue angulações e planos comuns. Quanto as atuações tiro o chapéu para os dois Edwards.
O filme não abusa de cenas de violência de maneira direta. O que mais choca ao assistir “A Outra História Americana” é o drama psicológico das pessoas que aderem ao grupo e a tortura psicológica a qual outras pessoas são submetidas pelos primeiros. Como, por exemplo, a cena em que os skinheads invadem um mercado – pode parecer idiota falar isso, mas é realmente triste ver a cena. E é bom deixar claro que o filme não aborda apenas o preconceito dos brancos. Os skinheads são o ponto de partida, mas outras gangues, como os negros, são tão preconceituosas quanto. Termina como uma briga entre gangues.
O preconceito racial é algo extremamente estúpido e sem fundamento. Isso não é apenas a conclusão da história do filme, mas é a conclusão mais lógica e plausível que qualquer ser humano no mundo que se preze deve chegar.

Assista ao trailer abaixo. Não tem legenda, mas tá valendo!


Por Fernanda Giotto Serpa

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