quarta-feira, 4 de março de 2009

"OS" Caras

Vou fazer uma comparação idiota de primeira, mas foi o que me passou pela cabeça. Quando eu escutei o título do filme “O Leitor” me pareceu um filme lento, daqueles que a história é boa, mas custa a passar. Já “O Lutador” te promete grandes emoções, principalmente aquelas clichês, quando o protagonista do filme vence todas as adversidades e ganha a luta no final. (Eu sei que isso não é uma semelhança, mas continue lendo que você vai entender o que eu quis dizer com semelhanças berrantes”). Esse é o problema de tentar ser generalista demais e confiar nas coisas “de sempre”. “Menina de Ouro”, apesar do final trágico, nos trouxe as emoções nas horas esperadas. Maggie Fitzgerald (Hilary Swank) consegue aprender tudo com seu treinador (Clint Eastwood), cria laços com ele, fica conhecida como boxeadora. Mas (sempre tem um “MAS”, e o espectador sabe disso) como o final não pode ser feliz, tudo se acaba quando Maggie fica tetraplégica. O filme é bom, mas é um tanto previsível.
O Lutador foge disso. Foge das emoções extremadas e tenta seguir um rumo realista na vida do lutador Randy “The Ram” Robinson (Mickey Rourke). O rumo é literalmente natural, já que a câmera do filme parece andar junto com Rourke. O natural também aparece nas cenas de luta, nas quais Rourke chegou a se cortar de verdade para dar mais veracidade a cena. O filme mostra o drama de um lutador de luta livre que já foi muito famoso na década de 80, mas que agora está esquecido, poucos fãs, pouco dinheiro, longe emocionalmente de sua única filha, trabalhando num açougue de mercado e um love affair com uma stripper. Sendo assim, o filme não possui uma trama central definida – é apenas a vida de um lutador fracassado, que ainda tenta encontrar nos ringues uma maneira
de se sentir vivo.

Já em “O Leitor”, a história começa quando Michael Berg (David Kross e Ralph Fiennes quando está mais velho) passa mal durante o caminho para casa e é socorrido por Hanna Schmitz (Kate Winslet). Um ardente romance começa entre o casal. Michael sempre lê para Hanna durantes os encontros, por isso “O Leitor”. Mas simplesmente Hanna some sem deixar pistas, e o menino só volta a encontrá-la após 8 anos, quando ela está sendo julgada por crimes nazistas que ela cometeu na Segunda Guerra. Michael tem a prova que pode inocentá-la da principal acusação. Mas o que fazer? Eu sei que do modo que escrevi parece mais um dramalhão “mexicano”, mas a trama é realmente boa. O drama ainda é mais intenso pelo tipo de imagens e planos que se encontra no filme – close. Isso incita ainda mais o drama, emoções, feições, aproximando também o espectador, deixando-o intimo da situação.
É fácil perceber as semelhanças entre as histórias também, principalmente os protagonistas. Ambos possuem problemas familiares, com suas filhas únicas. Ambos se apaixonam por mulheres, com as quais nada se concretiza. Em ambos os filmes, temos mortes que ficam implícitas para o espectador,ambas usando imagens fortes com ângulos de câmera não convencionais. Em ambos os filmes, flashbacks são freqüentes, sempre fazendo uma ponte entre passado e futuro. Em ambos os filmes encontramos os protagonistas remoendo suas dívidas com o passado. É o passado que faz acontecer a história desses dois filmes tão distantes em seus temas, mas tão próximos em sua essência. Logo se vê que há mais semelhanças entre um lutador de luta livre e um advogado do que se pode imaginar.
Vale a pena assistir aos dois filmes também pelos atores. Mickey Rourke renasce das cinzas, e Kate Winslet com o Oscar, desbancando Meryl Streep.


Por Fernanda Giotto Serpa

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