
Minha amiga Tati já deixou seu veredicto sobre o filme no blog. Mas não posso deixar esse filme passar em branco. Clint Eastwood rosnando como um cachorro velho, o mesmo bom e velho Clint Eastwood de “Os Imperdoáveis”. Não que o papel seja o mesmo, mas a atuação é brilhantemente igual. Você acaba simpatizando com o velho racista e rabugento, sempre acompanhado por sua fiel labradora. Eu geralmente gosto desse tipo de personagem: cheio de defeitos, mas no fundo um cara bom. Mocinhos disfarçados de vilões.
Falando da história, rapidinho. Walter perde a esposa no início do filme e passa a morar sozinho, na mesma casa de sempre, numa vizinhança de chineses. O porém é que ele odeia chineses, ou qualquer tipo de “china”, como ele fala no filme. Ele é um velho veterano da Guerra da Coréia. Mas quando ele defende seus vizinhos de uma gangue chinesa com um estilo americano a vizinhança passa a ter ele como um herói. Os laços se estreitam cada vez mais, e ele começa a sentir um carinho muito grande pelos “chinas”. Principalmente por Thao, que ele chama de Torto, e Sue que o aproximou da sua família.
O personagem mais engraçado do filme é o padre. Walter o define como um padre virgem de 27 anos que passou a maior parte da vida num seminário e não sabe nada sobre a vida e a morte. Não se confessa de jeito nenhum com um garoto que acha que é padre. Essa implicância entre os dois gera, no final, uma cumplicidade, um novo laço de amizade.
Gran Torino tem mais a ver com Menina de Ouro do que parece. Primeiro o personagem de Clint Eastwood, um velho ranzinza e difícil de mudar, que não dá espaço para as pessoas chegarem nele e tem problemas com a Igreja. Em ambos os filmes os padres insistem para que os personagens de Eastwood rezem e se doem a Igreja. Os personagens não acreditam e ainda debocham da religião. Nos dois filmes temos os “subordinados” de Clint. A boxeadora, interpretada por Hillary Swank, demora a ficar amiga do chefe, mas no final torna-se mais do que amiga, é quase uma filha. E Thao é o menino do Gran Torino, que no começo do filme tenta roubá-lo, mas depois vira um grande aliado e amigo de Wally. Nos dois filmes também há problemas familiares. Clint Eastwood não se relaciona com as famílias e as evita, com seu jeito nada simpático de ser. No filme Menina de Ouro ele nem chega a ter um relacionamento com

As imagens são muito bem produzidas, dando ênfase para a expressão de Wally e dando vida para seus rosnados, que são simplesmente demais. Você também se apaixona pelo Gran Torino. Óbvio, o carro é demais. No filme todo mundo bota um olho gordo e o desejam para si, inclusive os espectadores.
O que é mais divertido no filme são as ironias de Walter, piadinhas no meio de um drama. Nada melhor que isso. Rir de uma situação trágica, isso acontece o tempo todo. Caso você assista ao filme preste atenção na última música. A voz não lhe parece familiar? Rouca, velha...Pois é Clint Eastwood é mais do que ator e diretor...
Assista ao trailer abaixo.
Por Fernanda Giotto Serpa
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