
O filme é “O escafandro e a borboleta”. Conta a história do editor da revista Elle, Jean-Dominiqui Bauby (Mathieu Amalric), que sofreu um AVC, e ficou com apenas um movimento motor do seu corpo – o olho esquerdo. O filme é sobre isso! Conta como ele passou esse último momento da vida dele, paralisado numa cama, conseguindo apenas comunicar-se piscando o olho e com toda uma imaginação incansável dentro dele.
As primeiras cenas do filme são as que mais causam estranheza. Passa talvez em uns 25 minutos de filme sem vermos o rosto de Bauby. Apenas enxergamos o que ele enxerga e da maneira como ele vê. Imagens borradas e tremidas, os cortes de imagem e os planos seguem o seu olhar, totalmente subjetivo. Foge do tradicional. Isso desperta a curiosidade do espectador. Você quer descobrir como ele é, quem ele é, como aconteceu e como era a vida de antes. O que te impulsiona a ver o filme. Mesmo depois que conhecemos Bauby o filme continua usando na maioria das vezes a câmera subjetiva. Acredito que sirva para entendermos como era estar no lugar dele. Em alguns momentos dá certo incômodo de ficar nessa posição subjetiva, gera uma certa agonia.
A princípio ele só responde perguntas com respostas “sim” e “não”. Uma fonoaudióloga passa a trabalhar com ele uma nova maneira de montar frases através do vocabulário. As letras são ordenadas de acordo com a usualidade delas – das mais comuns para as menos usadas. Essa é única maneira de contato que Bauby possui com o mundo. É incrível como Amalric interpreta o papel. Imagino que não deve ser nada fácil passar emoção através de um corpo paralisado, com apenas um olho como janela para o mundo. O espectador sente a emoção. Através desse alfabeto Bauby escreve um livro. Paciência e determinação são com certeza os principais atributos para conseguir chegar a esse objeto. E logo se vê que esse homem não sente pena de si mesmo. Com a ajuda de sua editora ele consegue passar o que precisa para o papel.
No decorrer do filme entramos nas memórias de Bauby, em momentos que ele se lembra de como ele era. Momentos com os filhos, momentos no trabalho e momentos com seu pai. Essas informações vêm complementar aquilo que já subentendemos sobre a vida dele nos momentos em que ele está no hospital. Ele também mostra seus sonhos, seus desejos. Das coisas mais simples, como a sensação de voltar a comer um excelente jantar, ou das mais profundas, como o toque de uma mulher.
O título do filme encaixa-se na mensagem de duas maneiras, de acordo com o que eu penso. O filme deixa clara a mensagem de que no momento em que o AVC deixou Bauby paralisado ele fechou-se em seu casulo, ou em seu escafandro (vestimenta impermeável, com aparelho respiratório, própria para mergulhos longos) e deixou de ser livre, como uma borboleta. Ele fechou-se para o mundo, esperando uma nova maneira de libertar-se. Eu interpretei da seguinte maneira: antes do AVC Bauby estava em seu escafandro, como todo ser humano, obedecendo regras da sociedade, com uma família e seu trabalho. A partir do momento em que ele ficou paralisado ele visualizou uma maneira de buscar a liberdade. Ele queria voltar a ter sua vida normal, mas através do seu olho ele co

O filme me lembrou muito a história de “Mar Adentro” com Javier Bardem. Pessoas que tem suas vidas modificadas pela paralisia. Claro que o objetivo de ambos os filmes é diferente. Em “Mar Adentro” temos a luta pelo direito a eutanásia, em “O Escafandro e a Borboleta” temos a busca pela comunicação. O comum entre os dois é onde isso termina: percorrendo a liberdade.
O filme não é dinâmico. Ele trabalha com emoções retraídas que precisam ser expostas. A história muitas vezes chega a ser lenta, esmiuçando todos os sentimentos e expressões de Baudy. Até agora não sei dizer se gostei ou não do filme. Apenas tenho sensações em relação a vida do editor da revista Elle, como uma reflexão. É um filme que foge do convencional. Ele não possui uma trama central, nem um objetivo. Passa a contar como é ter apenas o olho como contato com o mundo.
Diferente desse foi o outro filme que assisti durante o fim de semana: Carga Explosiva 3. Esse é o tipo de filme “facão”. Mas se eu for contar todas as peripécias de Frank Martin (Jason Stathan) vale mais um post inteiro.
Assista ao trailer do filme "O Escafandro e a Borboleta abaixo:
Por Fernanda Giotto Serpa
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