sexta-feira, 20 de março de 2009

Amor milionário

Há uma semana fui ao cinema. Assisti “Quem quer ser um milionário?”. Tentei chegar sem expectativas. Sempre que espero demais de um filme, me decepciono. Já é de praxe. Assisti sem preconceito. E logo no início, o filme me surpreendeu pelas imagens. A câmera segue os garotos no meio da favela, pegando de relance costumes, pessoas e a sujeira do local – é impossível não notar. As imagens são rápidas, e a música dá a impressão de acelerar ainda mais a cena. Você entra no clima sem perceber. A câmera que filma a favela de cima também espanta. Uma favela sem fim, que parece de brinquedo, com seus caminhos estreitos e milhões de pessoas que fazem a sua vida nesse local.
A introdução do filme foi o que mais me chamou a atenção. Como Jamal, um menino favelado, o menino do chá num Call Center, conseguiu chegar à pergunta final e está para ganhar 20 milhões de rúpias? Eu queria assistir ao filme porque queria saber a resposta. O filme alcança o ponto fraco de qualquer ser humano: a curiosidade. E só passamos a conhecer a vida de Jamal, seu irmão Salim e Latika assistindo ao filme. A cada pergunta que aparece no programa temos uma resposta e entendemos como tudo aconteceu. Conhecemos os personagens principais em três fases diferentes de suas vidas. Mas a vida de Jamal é sempre voltada para um único objetivo – Latika. O filme não vomita nos últimos 5 minutos de filme o porquê da história. São 2 horas de total interação com o espectador, contando e explicando todo o trajeto de Jamal até aquele ponto do filme.
Não é um filme de suspense. É um filme de expectativa. E também não é um filme apoiado na violência gratuita, como eu pensei assim que assisti o trailer. Não é esse o foco do filme. O filme quer mostrar apenas quem é Jamal, quem é seu amor e porque ele está ali. Mas mostrando a verdadeira Índia, e a favela Mumbai.
O filme ganhou 8 estatuetas do Oscar. A princípio torci o nariz. Afinal, quem confia em Oscar hoje em dia? Titanic já ganhou o Oscar! Senhor dos Anéis também – por mais que o filme seja o supra-sumo dos efeitos especiais, a história não merecia um Oscar de melhor filme. E concorreu com Sobre Meninos e Lobos, que, em minha opinião, seria um filme de Oscar. Sean Penn, Tim Robbins e Kevin Bacon formaram um excelente elenco. Clint Eastwood dirigiu uma obra-prima. Falando nele, estréia essa semana Gran Torino. Não perca! Só o trailer já vale a pena. Mas voltando ao “Quem quer ser um milionário?” ele mereceu o Oscar sim, por ser uma produção mais precária, mas que conseguiu fisgar o espectador e ganhar a simpatia do público.
Uma história bonita, mas não idealizada. Eu achei o filme bom. Tiro o chapéu para os atores, trilha sonora (é muito envolvente), cinegrafia e roteiro. Não posso dizer que foi o melhor filme da minha vida. Eu gostei, mas não mexeu diretamente com minhas emoções. Gostei da história de Jamal, simpatizei com ele e com sua busca incansável pelo amor, mas na minha vida “Quem quer ser um milionário?” será apenas mais um filme. Um ganhador de Oscar por merecimento, não nego, mas ainda assim, um filme. O final do filme responde a pergunta inicial:
“Jamal está a uma pergunta de ganhar vinte milhões de rúpias. Como ele conseguiu?
A: Ele trapaceou.
B: Ele é sortudo.
C: Ele é um gênio.
D: É o destino.”
Então, o que você acha? Não é preciso ser um gênio para descobrir, nem colar de alguém e muito menos ter acordado com a bunda virada para a lua. Mas se você ainda está indeciso assista ao filme. Vale a pena descobrir como se chegou a resposta final!


Por Fernanda Giotto Serpa.

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