domingo, 17 de maio de 2009

Uma Luz No Fim Do Túnel

O expresso da meia-noite não é um trem, mas com certeza é uma viagem que todos os prisioneiros gostariam de fazer. Entre eles está Billy Hayes, um americano que tenta contrabandear drogas da Turquia para os EUA, mas, por uma infeliz coincidência de eventos, é revistado e flagrado no embarque de seu avião. Ele é preso e passa vários anos de sua vida em uma prisão turca. Essa é a história do filme “O Expresso da Meia-Noite”, baseado no romance homônimo, escrito pelo próprio Billy Hayes, contando as suas experiências reais como presidiário na Turquia. O título se refere a uma gíria de prisioneiros, ou seja, pegar o “expresso da meia-noite” significa fugir da prisão. Essa idéia, a princípio, não é muito tentadora para Hayes, já que ele é condenado a “apenas” quatro anos de prisão. No entanto, a justiça turca resolve alterar sua pena para prisão perpétua, restando a ele uma única saída para ser livre: a fuga.
O filme retrata a prisão, e a prisão turca em especial, como um inferno. Os agentes da justiça e os guardas, como vilões, e o advogado de Hayes como um grande incompetente. O filme gerou protestos por parte dos turcos, que o consideraram péssimo para a imagem do país. O Expresso... pode até passar a idéia de que a prisão turca é um inferno, mas, ao menos aos olhos de um brasileiro, isso parece um exagero. Lá, cada um tem direito a sua cama e as celas estão muito longe de estarem lotadas. Lá, existe uma liberdade razoável de caminhar pela prisão. Os guardas são retratados como vilões que submetem os presos a torturas como método de disciplina. Mas, até ai, filmes americanos mostram as suas próprias prisões com guardas violentos, além de uma selvageria entre os próprios presos muito pior do que qualquer coisa mostrada no Expresso... E além de tudo, não devemos esquecer que Billy Hayes realmente cometeu um crime e que ele teve direito à defesa. Neste ponto, os turcos não foram exatamente injustos ou errados.
Nada disso, no entanto, tira a empatia do espectador por Hayes. Afinal é um sujeito mostrado como vítima das circunstâncias, alguém que tentou se dar bem no lugar errado, na hora errada. Seu drama não é aquela prisão em especial, não são aqueles guardas em especial, nem mesmo é a Turquia. Seu drama é ser um prisioneiro que jamais será solto, em uma terra desconhecida, com pessoas estranhas e pouca esperança. Esperança essa que se deteriora a cada dia, inclusive dando a ele, com o tempo, um aspecto de louco, alucinado, quase um morto-vivo. Porém, existe uma luz no fim do túnel. O túnel por onde passa o expresso da meia-noite.


Oliver Kovacevich Altaras

Um comentário:

  1. legal o seu texto"
    e há qto tempo nao ouvia falar desse filme...
    mas é um trem...uma viagem.

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