domingo, 17 de maio de 2009

Adaptação Desfalcada

Bom, fui ao cinema. Aceito que adaptações tenham diferenças e que precisem de mudanças para chegar às telonas. Mas “Anjos e Demônios” exagerou. Personagens importantes são excluídos, a história muda e Robert Langdon continua um assexuado como escreveu o Omelete, o que não acontece no livro.

O livro conta uma nova aventura do estudioso Robert Langdon, que se vê na presença de um grupo historicamente extinto: os Illuminati. Aparentemente eles querem acabar com a hegemonia da Igreja, e fazê-la pagar pelos crimes que cometeu contra eles no passado. Eles sequestram os quatro "preferiti", que são os mais fortes candidatos a suceder o Papa, que morreu recentemente. Langdon tem a missão de encontrar os cardeais e acabar com essa vingança, através da história e seus símbolos.
Mas a adaptação tem seus desfalques. Primeiro, cadê o diretor do CERN, Maxmilian Kohler? É ele que chama Langdon para solucionar o crime que acontece no local. E sem falar que Langdon nem vai para a Suiça, vai direto para o Vaticano, onde conhece Vittoria. Kohler era essencial para a trama já que é ele que abre o livro e que é o responsável pelo fechamento dos acontecimentos também. Ele é o personagem oposto à situação da Igreja, virava um importante suspeito no decorrer da trama. Ele ficou doente quando era criança e perdeu o movimento das pernas, isso fez com que ele se afastasse e odiasse qualquer tipo de manifestação de fé, já que seus pais não chamaram um médico porque acreditavam que ele se curaria através de Deus. A participação dele é substituída pela atuação de outros personagens. Quem chama Robert para ir ao Vaticano é Olivetti, e quem fecha a trama é o chefe da Guarda Suiça. Para mim isso parece mais uma tapação de buraco.
Outro ponto importante que foi ignorado era a relação próxima de Vittoria Vetra com o cientista e padre assassinado no CERN. Até o nome do personagem mudou. No filme ele é Silvano, no livro ele é Leonardo Vetra, pai de Vittoria. Essa falta do sentimentalismo e fragilidade da moça, que aproximou Langdon e Vittoria na trama, fez falta para explorar o relacionamento que surge entre eles, que na verdade nem existe no filme.
O nome do carmelengo também muda. No livro ele é Ventresca e no filme ele é Patrick. A história do passado dele também não foi explorada e era importante para o andamento da história, já que o final acontece todo em função de seu personagem. Ventresca perdeu a mãe quando era criança, quando uma bomba explodiu na igreja na qual rezavam. Um bispo o adotou logo depois do ocorrido. Esse bispo foi o Papa que morre no início do filme. Sua história é que desencadeia todos os acontecimentos do filme. Ventresca foi fruto de uma inseminação artificial. Seu pai era padre (o Papa) e sua mãe era freira. Eles se apaixonaram, porém nunca tiveram relações sexuais. O desejo do padre de ter um filho aconteceu graças a ciência (por isso que o Papa era progressista e acreditava na união da fé e da ciência). A freira largou a vocação e fez uma inseminação artificial. Assim que acontece o acidente o padre, pai do menino, adota-o. Quando Ventresca descobre toda a história ele se revolta com o mundo científico.
São detalhes importantes que devem ser levados em consideração para o andamento do filme. Discordo um pouco com a opinião do Omelete em relação ao excesso de ação. O filme seguiu o que o livro propôs: um clímax atrás do outro. Não havia outro modo de mostrar o assassinato dos “preferiti” sem expor adrenalina, como o próprio livro faz.
A atuação de Tom Hanks com certeza é decepcionante. Faz tempo que não o vejo em filmes bons, como ele esteve em “A Espera de Um Milagre”, “O Naufrago”, “O Terminal”, “O Resgate do Soldado Ryan”... Langdon parece um personagem muito morno e sem expressão, o que não corresponde com o que lemos no livro. E outro comentário, Vittoria Vetra aparentava ser mais bonita no livro e morena também. No filme ele é uma branquela nariguda. Nada contra branquelas, aliás eu sou uma. Mas a aparência dela não bate com o livro.
Mas apesar de todas as diferenças (e tem mais do que essas que coloquei aqui no blog) é filme não é de todo ruim. Eu teria dado 3 ovinhos, e não 2. O filme tem seu lado envolvente. Aliás ouvi duas velhinhas no shopping que adoraram o filme, apesar de mexer um pouco com a imagem da Igreja, segundo elas. Hahaha...
“Anjos e Demônios”, em minha opinião, é melhor livro e agora melhor filme comparado ao “O Código da Vinci”. Leiam o livro! Ele é cheio de pirações e absurdos, mas vale a pena como um passatempo e lazer.
Agora minha próxima missão é assistir “Encouraçado Potemkin”. Estou com ele aqui em casa. Comecei a ler também o livro Eisenstein para entender um pouco mais sobre Experimentalismo Soviético (graças a professora Celina, que tem todos os livros do mundo..hahah..é sério!). Daqui uns dias vou escrever sobre. E professora, pode ficar tranqüila, vou devolver seus livros, assim que puder! Hahahaa...
Pessoal, assistam aos vídeos que a Tati colocou no post dela! É engraçado, vale a pena, e mostra exatamente o que ela falou. A influência da trilha sonora é fundamental para o significado da situação e para os sentimentos que se deseja ter do espectador.
Assisti hoje também “Força Policial”, que é bom, e “O Acompanhante”, fraco pra caramba. Perdi duas horas do meu dia. Ainda tenho mais dois filmes pra assistir: “Apocalypse Now” e “O Vizinho”, além do Encouraçado. Preciso de mais horas para o meu dia! Mas acho que por hoje é isso. Até...
Vou deixar o trailer do "Anjos e Demônios":


Por Fernanda Giotto Serpa

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