segunda-feira, 4 de maio de 2009

Onde o tempo é o dono da história

Três possíveis finais diferentes. Ou podemos dizer que é um filme “três em um”. “Corra Lola Corra” é um filme alemão, que acontece seguido de uma trilha sonora frenética embalada por um ritmo tecno. Impossível dormir no filme. Aparentemente ele é repetitivo, mas a surpresa de saber o que vai acontecer com os personagens em vez que a história volta prende a atenção.
Deixe-me primeiro contar como que funciona o roteiro do filme. Manni (Moritz Bleibtreu) trabalha para uma quadrilha de contrabandistas trazendo e levando dinheiro. No seu último trabalho ele esquece uma quantia de 100 mil marcos dentro do metrô. Desesperado, ele tem apenas 20 minutos para recuperar o dinheiro e entregá-lo ao seu chefe. Caso contrário, adeus Manni. Ele liga então para sua namorada Lola (Franka Potente) pedindo ajuda. A única solução que Lola acha é pedir ajuda ao seu pai, que trabalha num banco. E assim começa a corrida de Lola, que sai de casa com o objetivo de ajudar Manni.
No caminho Lola ela encontra vários pessoas. A história se repete três vezes – desde o momento em que ela atende a ligação do namorado até o fechamento da história. Em cada história ela encontra-se de maneiras diferentes com esses personagens secundários. Ora ela bate neles, ora ela nem os vê. E as escolhas de Lola, de seguir tal caminho e tomar tal atitude, também influenciam na vida desses personagens. O futuro deles aparece em forma de fotografias. Assim que Lola passa por eles o filme nos mostra o que aconteceu com eles no futuro.
O fechamento de cada história usa a cor como ferramenta. Sempre que uma história acaba a tela fica vermelha e mostra um diálogo de Lola com Manni. E logo Lola volta a correr para chegar num outro final. E olha que essa mulher corre. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi pensar no excelente preparo físico da atriz, que corre loucamente durante todo o filme.
O filme tem também suas tiradas cômicas. Como os momentos em que Lola grita de maneira tão estridente que quebra os vidros do local. É uma atitude tão inesperada que parte da personagem que chega a ser engraçada. Lola se mostra uma pessoa controlada a maior parte do tempo. Mesmo sabendo que tem apenas 20 minutos para salvar o namorado ela sabe que vai achar alguma solução.
Esses 20 minutos é outro fator que me incomodou durante o filme. 20 minutos é o tempo estipulado por Manni no telefone quando fala com Lola. O filme tem 81 minutos, 21 minutos de abertura e os outros 60 para as três corridas de Lola - cada corrida com 20 minutos. Aparentemente é impossível Lola fazer tudo o que faz em tão pouco tempo. Os acontecimentos paralelos a corrida não são contados nesses 20 minutos e você percebe isso também pela maneira diferente que são mostrados. As imagens ficam levemente desfocadas.
Depois de fazer uma pesquisa sobre o filme, descobri que o número 20 aparece mais 2 vezes durante o filme. Quando Lola entra no cassino falta 20 centavos de marco para ela conseguir a ficha de 100 marcos. E ainda dentro do cassino ela insiste em apostar no número 20. E é com esse número que ela consegue os 100 mil marcos nessa parte da história. Bendito número 20, hein?
Outra coisa que descobri na pesquisa é que as cores das bolsas que são usadas por Lola, em cada uma das histórias, para guardar o dinheiro, tem seus significados. Na primeira história Lola coloca o dinheiro numa bolsa vermelha (olha o vermelho aí, mais uma vez). Isso demonstra a insegurança de Lola e a maneira insensata com que ela age num primeiro momento. A palavra falada por ela para recomeçar a sua corrida é “stop”. A segunda bolsa é verde. Ela passa a encarar com mais frieza aquilo que é um obstáculo. Está mais calma e tem um objetivo, segue em frente. Mas mesmo assim ela ainda está sendo guiada pelo extremo e pressão da situação. Mais uma vez não temos o final feliz. E a música que recomeça a história mais uma vez diz: “Just go go, never stop and never think/ To do do do do the right thing/...”. Na última e terceira corrida a bolsa é dourada, amarela. O amarelo significa atenção e reflexão para se chegar ao resultado desejado.
E só pra lembra a atriz Franka Potente fez também o filme "A Identidade Bourne" e uma pequena aparição na "Supremacia Bourne". Grandes filmes por sinal. Não conheço, além disso, a história de Franka como atriz, mas até aqui dá pra dizer que ela fez boas aparições no cinema!
E por último é importante dizer que o verdadeiro protagonista do filme é o tempo. É ele que dita as atitudes de Lola e o futuro dos figurantes. O filme é o tempo!
Esse vídeo abaixo não tem relação nenhuma com "Corra Lola Corra". Eu assisti no You Tube e achei muito bom! É o filme Titanic em 5 segundos. Acesso o You Tube e procure "Cinema em 5 segundos". São vários filmes, alguns muito bem feitos. É meio ridículo, mas chega a ser engraçado. Recomendo também "Rocky em 5 segundos"!


Por Fernanda Giotto Serpa

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