domingo, 24 de maio de 2009

Sete

Passou-se 10 minutos do filme e nada de entender, mais 10 e continuou na mesma. Meia hora se passou e as coisas começam a se explicar. “Sete Vidas” é assim. Você começa sem entender o que o personagem de Will Smith faz, qual o conflito que ele está vivendo e porque ele toma certas atitudes no início do filme. Como, por exemplo, quando ele liga para o cego Ezra Turner, muito bem interpretado por Woody Harrelson (mesmo que a participação tenha sido pequena), e começa simplesmente a humilhá-lo. Nada faz sentido, é preciso ter calma para ver a história engrenar.
Will Smith interpreta com maestria o papel de Ben Thomas. Você pode não entender o porquê das atitudes dele, mas você sente a angústia e revolta do personagem estampadas na cara do ator. Esse é o segundo filme que Smith faz com o diretor Gabriele Muccino. O primeiro foi "A Procura da Felicidade", no qual trabalhou com seu filho. A carga dramática dos personagens de ambos os filmes são parecidas. Dois homens que possuem dramas internos e tentam buscar soluções para suas vidas.
Ben Thomas faz um agente da Receita Federal. Ele guarda com ele uma misteriosa culpa. O filme começa com ele ligando para o 991 e dizendo que vai cometer suicídio. A partir daí o filme volta no tempo e a história passa a se desenrolar. Há o uso constante de flashback no filme, e aos poucos você compreende a vida de Ben Thomas.
A função do seu personagem é salvar a vida de sete pessoas (por isso Sete Vidas). O número sete aparece logo no começo, quando a voz dele em narração diz “Deus criou o mundo em sete dias. Eu destruí o meu em sete segundos”. O filme mostra aos poucos como ele alcança cada uma dessas pessoas. Ele as testa para saber se elas são realmente dignas de serem ajudadas.
Emily Posa, interpretada por Rosario Dawson, é a personagem que mais se desenvolve entre os sete que serão ajudados por Ben. Eles criam uma relação muito próxima. Ela sofre do coração e tem pouquíssimas chances de sobreviver, já que está na fila de espera e possui um tipo sanguíneo raro. Ben acaba se envolvendo mais a fundo com a situação de Emily, comparado aos outros personagens. Ao mesmo tempo em que isso acontece as verdadeiras intenções de Ben passam a serem mostradas ao público.
Gostei muito do filme. Acho que ele possui uma boa finalização, ele conclui o filme. Acredito que o filme leve muitas pessoas ao choro rapidinho. O que não foi o meu caso. Não que ele não seja dramático o suficiente, mas não o achei tão apelativo para me levar a pegar alguns lencinhos.
Interessante como ele usa uma imagem mais plastificada e um som diferente para distinguir os flashbacks. Na imagem você não consegue ver perfeitamente o que acontece, isso só é revelado no momento final do filme, para explicar com exatidão os motivos da atitude de Ben. E o som valoriza tudo o que está próximo do personagem, como se abafasse o som exterior. Dá uma sensação de incomodo você não visualizar e nem ouvir perfeitamente as cenas.
Vale a pena conferir. Um bom filme, até para um domingo. Eu acho sofrido assistir dramas aos domingos, mas não tive problemas com esse.
Deixo o trailer aqui!



Por Fernanda Giotto Serpa

Um comentário:

  1. legal perceber q atras do comentario esta a fundamentação da dramaturgia do audiovisual - o conflito, a construção da personagem, a sua função...

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